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Conversando com... os pais sobre herança

Silvana Rocca

Como diz Almir Eduardo Melke Sater e Renato Teixeira de Oliveira: ¨Cada um de nós compõe a sua história. Cada ser em si carrega o dom de ser capaz. E ser feliz¨.


Em cada família existe uma história sobre herança, e são as mais diversas, que vão de pequenos objetos a grandes fortunas.


Ouvi uma história muito interessante: uma adolescente tinha recebido de herança os brincos da sua avó, os quais usava com muito carinho.


Após um jantar em família queria limpa-los e os deixou em cima da toalha da mesa e foi na sala tender o telefone.


Nesse momento sua irmã mais nova, tira e bate a toalha no terreno baldio ao lado da casa onde haviam umas galinhas.


A adolescente ficou bastante aflita e foi procura-los, mas como estava muito escuro, não os encontrou. Quando o sol despontou, ela já estava dividindo espaço com as galinhas. E não é que os encontrou! Ficou muito feliz com esse encontro.


E aí vem a pergunta: qual o encontro que propôs tanta felicidade? Será que foram os brincos que já estavam um pouco desgastados com o uso? Ou foi o reencontro com a sua avó, pessoa tão importante na sua vida?


Agora não precisava usar diariamente os brincos, pois entendeu que sua avó não se localizava na sua orelha brilhante.


Os idosos contam histórias sobre objetos herdados. É interessante que pouco falam da herança em si, mas em geral contam a história da pessoa que doou, dos aprendizados emocionais, dos valores e das vivencias desta relação.


Deixar uma herança é custoso, pois, depende da presença e do amadurecimento psíquico dos pais.

Sobretudo quando entendem que este patrimônio é construído no dia a dia e cimentado com o modelo de seus comportamentos.


A ética, o dialogo verdadeiro, o respeito e os limites que cada idade impõe, são um dos dos veículos para que os filhos se sintam aptos para conquistar por si o que desejam e necessitam.


É comum ouvirmos que fulano, só chegou a tal posição, porque é filho do dono. Deixar bens materiais gratuitamente pode fazer com que o filho se sinta incapaz de alcançar a sua identidade profissional.


Pais que contribuem com o amadurecimento emocional de seus filhos, os afortunam, por que entendem que é o sentimento de ser capaz que os tornam ricos.

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