Já sentiram a felicidade de encontrar um objeto perdido? O que faz com que esse encontro ganhe tanta importância?

Os objetos que encontramos nos auxiliam a dar nossa identidade, e como se este objeto dissesse: esse e você! E felizes dizemos, este é o meu livro, os meus óculos, minhas chaves!
A felicidade não está em encontrar o objeto, pois se não recuperados podem ser repostos.
A felicidade vem de se reconhecer por meio do objeto. Ou seja, o objeto é “a sua cara”.
Estamos conversando sobre identidade, que é um processo que inicia com o nascimento e que vai se fortalecendo em cada fase do desenvolvimento psíquico.
Essa fase de reconhecimento fica bem evidente aos oito ou nove meses do bebê, quando eles começam a se interessar pelas pessoas que aparecem e desaparecem.
Brincar compreende momentos de leveza, onde algumas angustias se dissipam e proporcionam genuinamente ser quem se é.
Quando a mãe coloca um pano da cabeça, e ao tirar faz huhuuuu.... a criança fica muito feliz e sorri alegremente.
Brincar de esconde-esconde, também pode corresponder a jogar algo no chão como, brinquedos, chupeta e objetos que estão na mão, e recuperá-los.
Porém quando a mãe ou o objeto não aparecem rapidamente a criança começa a se sentir angustiada, faz carinha de choro e pode sentir-se confusa.
E quando a mãe diz achou! A criança não está feliz pelo objeto em si, mas porque a mãe encontrou o seu filho. Então o bebê sente que sobreviveu e a sobrevivência é o primórdio de uma identidade.
A criança precisa psiquicamente ser achada e reconhecida pelo outro como bebê.
Aos poucos a criança vai invertendo a brincadeira e passa a por o pano no seu rosto para desaparecer...nesse momento o bebê se sente no controle da situação.
Estas evoluções da brincadeira fazem com que o medo do abandono aos poucos vá se transformando num jeito de encarrar os sentimentos de dor e a ideia de que o ir e vir, não está sob o seu controle.
Então, quando num processo psíquico de adulto a infância está sendo reeditada, encontra-se a oportunidade de reescrever emocionalmente uma história.
Os processos psíquicos auxiliam encontrar caminhos para lidar
com emoções como o medo e as angustias que permeiam o viver
e tornam as pessoas sobreviventes aos seus sentimentos.
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