Hoje a morte passou a ser uma ameaça invisível. E como tratar desse assunto quando ele está tão presente em nossa mente?
Antigamente, os entes queridos eram velados na sala de jantar das casas e estas ficavam repletas com vizinhos, amigos, parentes e até curiosos. E em algumas cidades até carpideiras eram convidadas para chorar o defunto.
Com o passar dos anos os velórios foram sendo realizados em lugares específicos e com cada vez menos presença de crianças.
Parece que o significado da palavra morte que foi sendo retirado das conversas em família, começou a ter espaço quando chegou a pandemia. E precisa ser discutida em especial com as crianças.
Para as crianças na maioria das vezes a morte, significa o abandono.
As crianças à medida que se desenvolvem passam por compreensões diferentes sobre a morte, e é importante ir apontando para as crianças de três ou quatro anos que ela esta cercada de amigos, familiares vizinhos e que há uma rede de ¨proteção¨ ao redor dela, que não irão deixa-la sozinha.
Os adultos também temem o abandono, porém com mais experiências vividas do que as crianças, já suportaram algumas situações de perdas.
Como consequência da pandemia temos um número crescente de mortos e situações de enterro que lembram uma guerra, situação que nos causa tristeza e mobiliza nossa humanidade e empatia.
Mas, quando vemos uma cena de morte será que estamos chorando por aquele desconhecido? É estranho pensar sobre isto, mas qual a função emocional de chorar por alguém que não faz parte do nosso cotidiano?
Quando velamos um morto ou vemos cenas tão tristes nas mídias e nos emocionamos, podemos estar chorando vários dos nossos entes queridos, ou não tão amados como gostaríamos, e que não estão mais entre nós.
E talvez, todas as perdas não elaboradas e sentidas que ficaram represadas e o medo de morrer pode representar, os vários lutos e situações de perdas não elaboradas.
As perdas concretas tem um significado emocional e é importante cada um adquirir o seu conceito emocional sobre elas, pois as vivências psíquicas são únicas.
A psicoterapia oportuniza trabalhar as dores do luto e essa compreensão pode possibilitar ganhos emocionais no convívio social, familiar e do trabalho.
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